
''Era uma vez...''
Era uma vez... Na verdade foram mais do que uma, foram muitas. Bastantes até. E apesar de não as conseguir quantificar, estou certa de que não foi apenas uma porque de todas as vezes que ela se lembra de falar no assunto, a minha ansiedade chega ao nível do teto da minha casa e garanto-vos, que não é fácil que ela retome lugar.
E quem é ela? a minha mãe querida, como diria Marco Paulo e eu, de todas as vezes que lhe atendo o telemóvel nos dias em que me esqueci de fazer a cama antes de sair de casa.
E como é mais do que perceptível, agora que a apresentei, a minha ansiedade circula à mesma distância do meu chão da sala ao igual que as moscas na época do verão, devido, obviamente, ao SDNC também chamado de: sindrome do ninho cheio. Que é um termo inventado por mim que significa exatamente o contrário do verdadeiro Sindrome do Ninho Vazio, que já agora, não tem siglas ciêntificas que o identifiquem e é escrito em maiúsculas, tal como algo comprovado o deve ser.
Passo a explicar, que me parece necessário. O Síndrome do Ninho Vazio é, segundo o google, "um período de luto que ocorre quando os pais, cuja principal responsabilidade é cuidar dos filhos, se veem livres dessa obrigação''. Logo, o SDNC, é exatamente o oposto. Ou seja, de forma muito rudimentar e algo simplista, até porque eu não sou um motor de busca, nem há estudos ciêntificos que expliquem de melhor forma esta situação, o sindrome do ninho cheio (em minusculas, claro está), é nada mais nada menos, a pressa que os nossos pais têm de nos verem pelas costas. E agora digam-me, com a maior das sinceridades, se não é mais do que legítimo que me sinta mal de todas as vezes que a minha mãe me pergunta com que idade me vou embora de casa.
É que imaginem, como é que é suposto eu lhe dizer que se avizinham tempos muito dificeis para a minha conta bancária, e que tão cedo não consigo alugar uma casa, quanto mais dar entrada ao banco de um T0. Não respondam, bem sei que a situação se pode resolver com uma mentirinha inofensiva e eu já a ponderei: "sempre que penso nisso, chego à conclusão que tu e o pai estão a ficar cada vez mais velhos e que o ideal é que eu permaneça em casa para (sempre) vos ajudar", mas não cola. Os meus pais têm quarenta e seis anos, e definitivamente, estão mais aptos que eu nas lides domésticas. Até porque eles nunca se esquecem de fazer a cama antes de sair de casa, e eu, às vezes ( numa escala de 0 a 10, um 9), só não a faço, porque efetivamente, não quero.
Antes que perguntem como é que me safo da conversa, não safo. Visualizo a minha ansiedade a sentir-se ansiosa com as moscas que coabitam com ela, desejosa de que consiga desenrascar uma desculpa qualquer que não ponha a descoberto a minha má gestão financeira, e no meio de toda essa trapalhada digo: "Vocês andam completamente desfasados da realidade. É insustentável sair da casa dos pais neste momento. Para o ano, pode ser que tenha sorte". Ou tenham. Que é mais isso.
Fim